Controvérsia Existencial: Saber quão Pouco Sabe.

“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”, Isaac Newton (1643-1727)

É da natureza própria do homem a incessante busca do conhecimento em quaisquer das fases de sua existência, perpassando da infância à adolescência e, desta, à idade adulta e daí culminando com a maturidade quando a experiência do viver acumulou bem pouco do que a aparente grandeza que, de forma vã, a vaidade falsamente alardeia. Em verdade, firma-se a controvérsia existencial em saber que pouco sabe!

Na busca do saber a caminhada é longa, além de extenuante, e praticamente ela não se finda mesmo com a chegada da senectude que conduz o ser, fortemente, ao mundo imaginário das reflexões, em decorrência das travessias até então realizadas.

A aprendizagem torna-se necessária desde os primeiros momentos no lar (Ah, que bom para os que fizeram “o dever de casa”!), em seguida na escola com a Educação formal para a vida e para o trabalho, e também da socialização indispensável aos modos de ser parte do existir coletivamente em seu meio.

Refletindo e especulando, observa-se que um dos marcos percebido vincula-se quanti-qualitativamente ao que se alcançou na procura do saber, suficiente ou não por tudo antes imaginado, idealizado e planejado. Constitui-se, portanto, o saber um desafio ao longo da existência obstinadamente perseguido e, assim, de forma introspectiva, o pensamento alimentando o espírito e este conduzindo o corpo na trilha da existência!

Após tais considerações, afinal, qual a grandeza e a qualidade do que se atingiu e, daí, o que resultou para o individuo e para a sociedade onde ele está localizado?

Ao tomar consciência de saber o quão pouco sabe impõe-se, magicamente, a condição limitante de não alcançar o todo a ser conhecido, mas, retoricamente, pode significar que parte mesmo mínima é conhecida e sobre ela cabe interpretar e valorizar para usufruto próprio e da sociedade, mesmo ainda persistindo menos respostas, menos saberes e mais questionamentos.

Os que, mesmos insatisfeitos, permanecem ainda na dependência do porvir, reafirmam o lugar comum que pouco se sabe em relação à grandeza do todo, do conhecimento acumulado ao longo de eras e disponível a quem deseje acessá-lo. Todavia, é indispensável persistir!

A cultura estabelecida na sociedade impõe que o domínio do saber – ainda que este oferecido precário e limitado, e isto é totalmente lamentável -, é condição sine qua non para se alcançar o desenvolvimento humano e o seu bem-estar coletivo, conduzido pelo estratégico caminho da escola e, através dela, pela Educação com seus matizes transformadores.

Afirmar-se como Sócrates afirmou “Só sei que nada sei” é uma maneira singular e persuasiva de compreender as limitações, de não negar a própria ignorância e, em contraposição, da busca pelo saber, o que remete aos princípios da Educação continuada, perquirindo e acumulando novos conhecimentos, na caminhada existencial de cada um.

Ao reconhecer as próprias limitações que o cercam e ao propor os avanços à conta dos saberes do senso comum, científico, teológico, filosófico e outros, estará o individuo contribuindo para a necessária evolução da espécie humana, ao longo dos séculos, ao tempo em que responderá às suas legitimas inquietações de ser pensante, em face os imanentes conflitos existenciais que o questionam e o acompanham ao longo da vida.

 

 

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