Polícia baiana registra média de sete estupros a cada 24 horas

O número é assustador, mas é uma realidade difícil de esconder. No ano passado, a Bahia registrou 2.818 casos de estupros contra mulheres, dos quais 521 ocorreram em Salvador e outros 214 nos municípios que compõem a Região Metropolitana. Isso dá uma média de sete estupros à cada dia no Estado e quase dois crimes dessa mesma natureza à cada dia em Salvador. Os dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP) divulgados em 13 de abril deste ano, revelam um crescimento desse tipo de crime em relação a 2013, que foi de 2.512.

O caso mais recente aconteceu na última sexta-feira, 15, quando um homem invadiu o estacionamento que fica em frente ao Hospital São Rafael, no bairro de São Marcos, seqüestrou uma médica e a violentou, no bairro de Valéria. Até o início da noite desta segunda-feira, a polícia ainda não tinha capturado o estuprador. Os números da SSP são um pouco diferentes do divulgado no ano passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pelo Fórum, a Bahia aparece com 2.872 casos de estupros, 54 a mais que os números da SSP, porque nem todas as queixas registradas necessariamente não indicavam o número de vítimas envolvidas.

Salvador, com 521 casos, tem três vezes mais casos registrados que a segunda maior cidade do Estado, Feira de Santana, que registrou no ano passado 148 casos de estupros, e mais de quatro vezes o total de casos registrados na terceira maior cidade do Estado, Vitória da Conquista, que teve 131 casos de estupros em 2014. Na Região Metropolitana, a cidade que teve mais notificações de estupros foi Lauro de Freitas, com 55 casos, seguida de Camaçari (32) e Simões Filho (23).

Na maioria dos casos, conforme explicou o delegado titular da Delegacia Territorial de Pau da Lima, e que acompanha o caso da médica, William Achan, o criminoso tem um perfil violento, utilizando-se de ameaças e violência física, antes e durante a consumação do fato. Ele disse ainda que áreas mais afastadas do centro são os locais onde costumam haver mais casos. “É difícil ele, o criminoso, não usar de violência física contra as suas vítimas”, disse.

Caça ao estuprador da médica continua

Agentes do Serviço de Inteligência das Polícias Militar e Civil, da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio e da própria Delegacia Territorial de Pau da Lima montaram uma verdadeira operação de guerra para prender o estuprador, que na última sexta-feira (15) atacou uma médica no estacionamento do Hospital São Rafael, no bairro de São Marcos, em Salvador.

O delegado titular da DT de Pau da Lima, William Chan, explicou que para tentar elucidar o caso, os investigadores estão fazendo todo o trajeto descrito pela vítima, além de trabalhar com o retrato falado com base nas descrições do agressor relatado pela médica. “Pelas descrições e relatos, o criminoso é contumaz nesse tipo de ação, pois se disfarçou bem e procurou, de todas as formas, apagar quaisquer dados que o pudessem identificá-los, além de conhecer bem o estacionamento”, disse.

De acordo com o retrato falado divulgado pela polícia, trata-se de um homem negro, 1,70 m de altura, boa oratória, esclarecido e demonstrando bom conhecimento geral. O Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) já solicitou as imagens do circuito interno de segurança do estacionamento, até o momento ainda não enviadas. As pessoas que identificarem o criminoso pelo retrato falado devem encaminhar informações pelo Disque Denúncia, telefone 3235-0000. Sigilo garantido.

Nota do São Rafael

Em nota emitida ontem à tarde o Hospitalo São Rafael disse que lamentou o ocorrido e vem prestando apoio à vítima. Na nota, o Monte Tabor, que administra o hospital diz:

“O Monte Tabor Hospital – São Rafael esclarece que, no momento, a principal preocupação desta instituição está em amparar a médica, oferecendo o apoio necessário e preservando-a de exposição. Lamentamos, profundamente, o ocorrido e a violência que vem assolando a cidade. Um problema de segurança pública e que, desta vez, vitimou uma de nossas colaboradoras.

Estamos acompanhando de perto o desenrolar das investigações, inclusive, solicitando acesso ao boletim de ocorrência e nos colocando à disposição da polícia para quaisquer esclarecimentos necessários. Também estamos em contato com a empresa Well Park, prestadora do serviço de estacionamento onde o fato ocorreu, no sentido de assegurar o bom andamento das investigações, como também na cobrança de medidas que venham a evitar que outros casos dessa natureza voltem a ocorrer”.

Governo oferece assistência

Para atender as vítimas de violência sexual, o Governo do estado implantou, há pouco mais de dois anos, o Serviço de Atenção a Pessoas em Situação de Violência Sexual (Viver), com o objetivo de prestar apoio social e psicológico às vítimas. O Viver oferece em sua sede, localizada no andar térreo do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), na Avenida Centenário, o serviço especializado de assistentes sociais e psicólogos, além de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem que atendem de Segunda a Sexta das 7h às 19h.

Setenta e três por cento dos casos encaminhados ao Viver são relativos a menores de idade, e os 27% restantes a adultos. Aproximadamente 90% das ocorrências de violência contra a criança e a mulher, acontecem dentro da própria residência, por isso mesmo há a recomendação de que se denuncie qualquer tipo de violência, seja física ou psicológica, à DEAM (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) e a DERCCA (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Criança e Adolescente). Em todas as faixas etárias, o maior percentual de atendimentos no Viver é relativo a estupros.

A violência sexual pode dar origem a uma série de graves danos físicos que exigem intervenção imediata: lesões, infecções, gravidez indesejada e os riscos de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids. Em grande parte dos casos essa agressão resulta em dificuldades psicológicas marcantes, como depressão, idéias suicidas, vergonha, medo e culpa.

Qualquer pessoa, independentemente de gênero, idade ou opção sexual pode procurar o Viver. O tratamento não tem um tempo definido. Alguns precisam de um prazo mais curto de atendimento – de um a dois meses -, mas outros continuam por mais tempo, até por já terem uma problemática familiar, ou existencial. O Viver recebe denúncias e presta orientação através do telefone 0800-284-2222.

 

Fonte: Tribuna da Bahia

 

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