ACOLHIMENTO DIVINO

“Eles lhe perguntaram: “Mulher, por que você está chorando”? “Levaram embora o meu Senhor”, respondeu ela, “e não sei onde o puseram”. Nisso ela se voltou e viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu. Disse ele: “Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando? “Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei”.” (João 20: 13-15)

Quando pensamos em exercer o cuidado a nós mesmos ou ao próximo, vale muito lembrar de um conceito do filósofo alemão Heidegger, onde ele delineia o cuidado como modo-de-ser. É nessa mesma linha que Leonardo Boff se orienta ao abordar o assunto do cuidado. O que eles defendem é que há uma forma de cuidado que vai pra além de uma ação esporádica, mas que se torna uma forma de existir no mundo. O cuidado então é um elemento fundante da existência humana. Somos seres racionais, porém antes de desenvolvermos nossa capacidade cognitiva já sabemos a linguagem do afeto, pois nele que fomos gerados, gestados e envolvidos logo no início de nossas vidas. Somos então primeiramente afetivos para depois nos tornarmos racionais.

A partir desse cuidado como modo-de-ser e desse afeto desenvolvemos outra capacidade: a do acolhimento. Esse item está presente nos versos que lemos. Tanto os anjos quanto Cristo acolheram aquela mulher em seu momento de dor (“Por que você está chorando?). Isso nos revela a necessidade que temos de ser acolhidos e a necessidade que temos de acolher ao próximo. Cada dor que passamos pode ser, aliás, eu diria que precisa ser acolhida por alguém. Não fomos seres criados para andarmos sozinhos na vida. Precisamos aprender procurar ajuda e colocarmos nossas angústias e dores pra fora, para que alguém somente nos ouça e nos acolha. Isso é construção de saúde para nós. Pecados, culpas, medos, perdas, fraquezas, inseguranças não deveriam ficar presos dentro de nós, eles podem ser acolhidos por alguém.

Assim como somos acolhidos, acolhemos. Quanta dor ao nosso redor tem sido estampada na sociedade? Essa dor pode não estar longe da gente. Precisamos ser mais como o bom samaritano, que SE FEZ próximo e cuidou de alguém. Use a capacidade que você tem de acolhimento e seja bênção na vida de alguém. Talvez tenha alguma Maria Madalena por perto precisando de uma atitude como a dos anjos e a de Cristo: “Por que você está chorando”? Nem sempre é necessário dar uma resposta como resolução de problema para aquilo que o outro está passando, mas o simples fato de estar presente já é altamente significativo e consolador. Que nosso acolhimento através da presença seja mais palpável do que nossos discursos tão lógicos que não abraçam ninguém.

Pr. Rodolfo Rodrigues Pereira

 

 

 

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